quarta-feira, 29 de junho de 2011

Falência ovariana precoce, fiquem de olho!!!

Há algum tempo atrás, na época de nossas mães e avós, uma mulher cuja falência ovariana se desse aos 40 anos já poderia ser considerada como tendo passado por uma menopausa precoce. Hoje em dia, no entanto, ainda que as nossas tendências genéticas devam ser consideradas, a falência ovariana pode ocorrer cada vez mais cedo. Seja pelo estresse ou por qualquer outro fator da vida moderna, o fato é que uma mulher pode ter a sua falência ovariana adiantada em cinco, seis ou mais anos em relação as suas ascendentes.

A falência ovariana é a perda da capacidade de nossos ovários em produzir óvulos, ou seja, é o fim da nossa reserva ovariana, que é composta desde o nascimento por uma quantidade pré-estabelecida de óvulos. Quando esta reserva acaba, não há mais como produzir novos óvulos, portanto, fiquem de olho!!!

O diagnóstico é feito a partir de dois fatores, as dosagens hormonais e o tamanho dos ovários, que começam a atrofiar, juntamente com todo o aparelho reprodutor, após a perda de sua função. Por isso, é de fundamental importância que as dosagens hormonais sejam medidas periodicamente e qualquer mínima alteração no FSH (hormônio folículo estimulante) seja pesquisada. É este hormônio que estimula o crescimento dos folículos de onde são liberados os óvulos e ele deve estar estritamente dentro dos padrões estabelecidos como normais. Se estiver acima do normal, ainda que por 1 décimo, não acredite na possibilidade de que isto seja normal e procure o quanto antes um ginecologista especialista em reprodução humana. Quanto maior a alteração do FSH, menores as chances de que ainda exista alguma reserva ovariana e, se você descobrir o problema muito tarde, talvez não exista chance alguma.

Como a maioria das mulheres tem decidido se dedicar primeiro a carreira, adiando a maternidade para mais tarde, quando já estiverem com a vida profissional e financeira estabelecida, seria interessante cogitar a hipótese de congelamento dos óvulos. A questão é que esta decisão deve ser tomada o quanto antes, pois óvulos são estruturas muito sensíveis e para que o congelamento seja viável é preciso que estejam em excelentes condições. Neste sentido, não há indicação para o congelamento de óvulos de mulheres mais velhas e, mesmo que ainda jovens, para aquelas que apresentam baixa reserva ovariana, já que estes óvulos costumam não ser de tão boa qualidade, além de serem os últimos e ninguém iria se arriscar a perdê-los num processo posterior de descongelamento, não é mesmo?!

Desta forma, se você ainda é bem jovem, pense seriamente na possibilidade de congelar seus óvulos, se já passou dos 30 anos, pesquise o quanto antes sobre o verdadeiro estado dos seus ovários e para aquelas que chegaram a uma situação limite, não espere mais nada, decida sobre as suas prioridades e aja imediatamente!!! Lembre-se que por vezes Deus escreve certo por linhas tortas e esse pode ser o momento exato de você ser mãe, ainda que antes nem sequer pensasse sobre isso.

No entanto, se no seu caso a falência ovariana é um quadro estabelecido, não desanime. Ser mãe é algo que vai muito além da produção de óvulos. Ser mãe é nutrir, proteger, aninhar. Se o útero ainda estiver em boas condições, a ovodoação é uma excelente alternativa, e se a falência do aparelho reprodutor for completa, a adoção é a mais linda das opções. Afinal, a maternidade é o amor de mãe que surge dentro de nós, latente, pulsante, transbordante. Para ser mãe basta amar.

sábado, 25 de junho de 2011

A Deusa Mãe - conhecendo um pouco do mito

Primeiramente, preciso informar minha crença em Deus. Único, onisciente, onipotente, onipresente, cujo reino de amor foi revelado pela presença de Cristo na Terra. Creio que tudo no mundo e na vastidão do universo só ocorre porque assim é da sua vontade e essa vontade é sempre, ainda que não tenhamos consciência disso, o melhor caminho para a nossa evolução como seres eternos.

Meu interesse pelas Deusas da Antiguidade é outro, diferente do religioso. Em que pesem as divergências, existem muitos estudos atestando que as comunidades humanas foram, durante os seus primórdios históricos, baseadas em estrutura matriarcal. Tais indícios se devem ao estudo da religiosidade da época que aponta no sentido de que o feminino era divinizado, ou seja, o ato de gerar em seu ventre, nutrir com seu leite, aninhar em seu colo, a Deusa era uma mãe. A humanidade dependia da divindade para que o clima fosse ameno, a terra lhe fornecesse seu alimento, os ciclos da natureza, até então incompreendidos, se completassem. A mulher não era passiva, era poderosa e pró-ativa. Em muitas tribos a mulher lutava ao lado dos homens e era enterrada com honras militares, junto com suas armas e ferramentas de trabalho.

A Deusa era única, uma grande deusa mãe. Com o advento da cultura greco-romana e suas bases patriarcais, a grande Deusa foi retalhada em várias, como se a personalidade feminina pudesse ter a sua complexidade dividida e, portanto, controlada. Afrodite, a deusa do amor erótico, Atena, a deusa guerreira do conhecimento e sabedoria, Ártemis, a deusa caçadora, entre outros aspectos da personalidade feminina, foram separados na psique de várias deusas, sobretudo Deméter, a deusa da maternidade, não deveria se misturar as demais, como se a maternidade fosse incompatível com a eroticidade, o conhecimento e a força da mulher.

Tentativas de controle a parte, o fato é que o mito de Deméter guardou o aspecto maternal da psique feminina e, nesse ponto, representou com maestria toda força da natureza ligada ao instinto maternal. Essa Deusa era ligada as boas colheitas, as cheias dos rios que propiciavam a irrigação, a fecundidade feminina e a transição da mulher da meninice, quando todos os bebês eram colocados sob sua proteção, à vida adulta, quando a deusa era procurada para auxiliar na fecundidade, nos partos e na criação dos filhos. Em seus templos, meninas participavam ao lado de adolescentes e mulheres de todas as idades do culto a Deméter e eram submetidas a ritos de passagem que representavam o início da vida adulta e fértil da mulher, despertando-as para a maturidade e preparando-as para a grande função de serem mães.

Hoje em dia, nada nos prepara para esse papel, mas como uma força divina inconsciente, o instinto maternal surge sozinho em determinado momento da vida da grande maioria das mulheres, de uma forma impossível de saciar, exceto pela maternidade. Ocorre que os tempos mudaram, novos desafios se apresentam, novas funções se acumulam e uma independência nunca antes vista foi efetivamente conquistada, a mulher de hoje pode viver sozinha e plenamente, se assim desejar, se assim a vida se apresentar. Podemos sustentar nossas casas, criar e educar nossos filhos, e até mesmo gerá-los, nunca sem a junção do material genético de um homem e uma mulher, mas independente da sorte de termos encontrado um amor verdadeiro.

Estaríamos nos afastando gradualmente das bases patriarcais? Não acredito no retorno do matriarcado, onde a função masculina na procriação não era sequer conhecida, mas creio que no mundo moderno a mulher, cada vez mais, recupera a sua posição de igualdade. Não uma igualdade formal ou meramente ligada a sua liberdade pessoal de agir, essas já existem há algum tempo. Falo da igualdade de "arregaçar as mangas" para fazer acontecer, a igualdade de influir na construção da sociedade, atuando em diversas áreas, através dos cargos de comando. A mulher de hoje é atuante e pró-ativa, inclusive quanto a gerência integral de sua vida. São esses os valores que desejamos passar para nossos filhos e acredito que o mundo que estamos construindo é aquele no qual o amor recíproco seja o único motivo para a união entre um homem e uma mulher.