Há algum tempo atrás, na época de nossas mães e avós, uma mulher cuja falência ovariana se desse aos 40 anos já poderia ser considerada como tendo passado por uma menopausa precoce. Hoje em dia, no entanto, ainda que as nossas tendências genéticas devam ser consideradas, a falência ovariana pode ocorrer cada vez mais cedo. Seja pelo estresse ou por qualquer outro fator da vida moderna, o fato é que uma mulher pode ter a sua falência ovariana adiantada em cinco, seis ou mais anos em relação as suas ascendentes.
A falência ovariana é a perda da capacidade de nossos ovários em produzir óvulos, ou seja, é o fim da nossa reserva ovariana, que é composta desde o nascimento por uma quantidade pré-estabelecida de óvulos. Quando esta reserva acaba, não há mais como produzir novos óvulos, portanto, fiquem de olho!!!
O diagnóstico é feito a partir de dois fatores, as dosagens hormonais e o tamanho dos ovários, que começam a atrofiar, juntamente com todo o aparelho reprodutor, após a perda de sua função. Por isso, é de fundamental importância que as dosagens hormonais sejam medidas periodicamente e qualquer mínima alteração no FSH (hormônio folículo estimulante) seja pesquisada. É este hormônio que estimula o crescimento dos folículos de onde são liberados os óvulos e ele deve estar estritamente dentro dos padrões estabelecidos como normais. Se estiver acima do normal, ainda que por 1 décimo, não acredite na possibilidade de que isto seja normal e procure o quanto antes um ginecologista especialista em reprodução humana. Quanto maior a alteração do FSH, menores as chances de que ainda exista alguma reserva ovariana e, se você descobrir o problema muito tarde, talvez não exista chance alguma.
Como a maioria das mulheres tem decidido se dedicar primeiro a carreira, adiando a maternidade para mais tarde, quando já estiverem com a vida profissional e financeira estabelecida, seria interessante cogitar a hipótese de congelamento dos óvulos. A questão é que esta decisão deve ser tomada o quanto antes, pois óvulos são estruturas muito sensíveis e para que o congelamento seja viável é preciso que estejam em excelentes condições. Neste sentido, não há indicação para o congelamento de óvulos de mulheres mais velhas e, mesmo que ainda jovens, para aquelas que apresentam baixa reserva ovariana, já que estes óvulos costumam não ser de tão boa qualidade, além de serem os últimos e ninguém iria se arriscar a perdê-los num processo posterior de descongelamento, não é mesmo?!
Desta forma, se você ainda é bem jovem, pense seriamente na possibilidade de congelar seus óvulos, se já passou dos 30 anos, pesquise o quanto antes sobre o verdadeiro estado dos seus ovários e para aquelas que chegaram a uma situação limite, não espere mais nada, decida sobre as suas prioridades e aja imediatamente!!! Lembre-se que por vezes Deus escreve certo por linhas tortas e esse pode ser o momento exato de você ser mãe, ainda que antes nem sequer pensasse sobre isso.
No entanto, se no seu caso a falência ovariana é um quadro estabelecido, não desanime. Ser mãe é algo que vai muito além da produção de óvulos. Ser mãe é nutrir, proteger, aninhar. Se o útero ainda estiver em boas condições, a ovodoação é uma excelente alternativa, e se a falência do aparelho reprodutor for completa, a adoção é a mais linda das opções. Afinal, a maternidade é o amor de mãe que surge dentro de nós, latente, pulsante, transbordante. Para ser mãe basta amar.